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Mesmo produto, diferentes interfaces

Um dos desafios mais importantes do design de produto é criar soluções que atendam às necessidades e expectativas de diferentes usuários, levando em conta suas experiências, habilidades e necessidades específicas.

Design de Produto é uma disciplina que vai além da criação de objetos físicos. Trata-se de um processo de concepção que envolve a identificação das necessidades dos usuários, a pesquisa de tendências de mercado, a análise de materiais e técnicas de produção, entre outros aspectos. Um dos desafios mais importantes do design de produto é criar soluções que atendam às necessidades e expectativas de diferentes usuários, levando em conta suas experiências, habilidades e necessidades específicas. Para isso, é necessário desenhar diferentes interfaces para o mesmo objeto, afim de atingir as distintas camadas de experiências dos variados consumidores que terão contato com ele. Nesse sentido, a abordagem centrada no usuário é fundamental para garantir que o produto seja utilizável e desejável para todos os seus usuários, independentemente de suas individualidades.

Por exemplo, um celular pode ter diferentes interfaces de acordo com o público-alvo. Para usuários iniciantes, a interface pode ser simplificada e ter poucos recursos. Para usuários mais avançados, a interface pode ser mais complexa, com uma ampla gama de recursos e configurações personalizáveis. Outro exemplo são os carros, que podem ter diferentes interfaces para motoristas e passageiros, além de recursos específicos para pessoas com deficiência.

Além disso, um produto também pode ter interfaces diferentes de acordo com o contexto de uso. Por exemplo, um aplicativo de delivery de comida pode ter uma interface diferente para usuários que estão em casa, outra para usuários que estão no trabalho e outra ainda para usuários que estão na rua. Dessa forma, o produto é capaz de oferecer uma experiência personalizada e relevante para cada tipo de usuário e situação de uso.

Existem vários autores renomados que escreveram sobre a importância de observar as diferentes jornadas dos usuários e clientes, e aplicar soluções específicas para cada ponto-chave dessas jornadas. Abaixo, destaco alguns dos principais autores e suas contribuições:

  • Jesse James Garrett – Garrett é o criador do modelo “The Elements of User Experience”, que é amplamente utilizado na área de design de experiência do usuário. Seu modelo descreve os componentes que contribuem para a criação de uma experiência positiva do usuário, desde a estratégia de negócios até a usabilidade do produto final.
  • Don Norman – Norman é um designer de interação e professor de ciência cognitiva na University of California, San Diego. Ele é autor do livro “Design Emocional”, no qual enfatiza a importância de criar produtos que evocam emoções positivas nos usuários.
  • Steve Krug – Krug é autor do livro “Não me Faça Pensar”, que se tornou um clássico na área de design de interfaces. Em seu livro, ele argumenta que as interfaces devem ser projetadas para minimizar o esforço mental do usuário, permitindo que ele realize tarefas com facilidade e sem pensar muito.
  • Jakob Nielsen – Nielsen é um dos principais especialistas em usabilidade do mundo. Ele é co-fundador da Nielsen Norman Group, uma empresa de consultoria em design de interface do usuário. Seu livro “Designing Web Usability: The Practice of Simplicity” enfatiza a importância de manter as coisas simples e fáceis de usar para os usuários.
  • Alan Cooper – Cooper é considerado o pai do design de interação. Seu livro “The Inmates Are Running the Asylum” argumenta que os usuários devem ser colocados no centro do processo de design, em vez de serem tratados como meros objetos de teste.

Esses autores vêm de diversas nacionalidades, como os Estados Unidos (Garrett, Norman, Krug e Cooper), e suas obras foram publicadas em diferentes escolas e épocas. No entanto, o que todos têm em comum é a ideia de que a experiência do usuário deve ser o ponto central do processo de design e que a criação de interfaces que se adequem às diferentes jornadas dos usuários é fundamental para o sucesso de um produto ou serviço.

O design brasileiro tem evoluído muito nos últimos anos, principalmente no que diz respeito à ênfase na importância do usuário como centro do processo de design. Alguns designers brasileiros têm se destacado nesse campo, produzindo trabalhos relevantes e influenciando a comunidade de design nacional e internacional.

Um exemplo de designer brasileiro que tem se destacado nessa área é o Fred Gelli, fundador da Tátil Design de Ideias. A Tátil é uma das agências de design mais premiadas do Brasil, e tem se destacado pelo trabalho em projetos de design sustentável e centrado no usuário. Fred tem sido um defensor do design como uma ferramenta para mudanças positivas na sociedade, e tem trabalhado em projetos que buscam soluções para problemas sociais e ambientais.

Também vale destacar o trabalho de Rafael Barletta, fundador da Kuanza Design. Rafael tem se destacado pelo trabalho em projetos de design de serviços centrados no usuário, com foco em saúde e bem-estar. Ele tem sido um defensor do design como uma ferramenta para melhorar a qualidade de vida das pessoas, e tem trabalhado em projetos que buscam soluções para problemas relacionados à saúde e ao acesso a serviços públicos.

Além desses designers, outros profissionais brasileiros têm se destacado na área do design centrado no usuário, como Luiza Voll e Fernanda Lazzari, fundadoras da consultoria de design Superlumen, e Marcelo Rosenbaum, fundador da Rosenbaum Design. Esses designers têm produzido trabalhos relevantes e influenciado a comunidade de design brasileira e internacional, ajudando a disseminar a importância do foco no usuário como centro do processo de design.

Temos exemplos de grandes produtos de mercado brasileiro que utilizam mais de uma interface visual para sua exposição, nos diferentes canais que atua e estágios de contato com usuários e clientes:

  • Nubank: O Nubank é um banco digital que utiliza uma abordagem de design centrado no usuário para criar uma experiência de usuário única e personalizada. A empresa utiliza uma interface de usuário simples e intuitiva em todos os seus canais, incluindo aplicativos móveis e desktop. Além disso, o Nubank também é conhecido por suas campanhas de marketing criativas e engajadoras, como o “fim da burocracia bancária” e “zero anuidade”.
  • Magazine Luiza: O Magazine Luiza é uma das principais varejistas do Brasil e tem investido fortemente em tecnologia e design para melhorar a experiência do usuário. A empresa utiliza várias interfaces de usuário em seus diferentes canais, incluindo o aplicativo móvel, site e lojas físicas. A estratégia de design da empresa se concentra em tornar a experiência do usuário o mais simples e agradável possível, oferecendo recursos como pesquisa por voz, chatbots, personalização de recomendações de produtos e checkout rápido.
  • iFood: O iFood é uma plataforma de delivery de comida que utiliza várias interfaces de usuário, incluindo o aplicativo móvel e o site. A empresa investiu em design para tornar a experiência de pedir comida o mais fácil e conveniente possível, incluindo recursos como pedidos recorrentes, entrega agendada e recomendações personalizadas de restaurantes e pratos. Além disso, o iFood também utiliza realidade aumentada em suas campanhas publicitárias, permitindo que os usuários “experimentem” virtualmente diferentes pratos antes de fazer o pedido.
  • 99: A 99 é uma plataforma de mobilidade urbana que oferece serviços de carros particulares, táxis e motos. A empresa utiliza várias interfaces de usuário em seus diferentes canais, incluindo o aplicativo móvel e o site. O design da plataforma é voltado para tornar a experiência do usuário o mais fácil e intuitiva possível, com recursos como agendamento de corridas, chat com o motorista, opções de pagamento flexíveis e opções de carros com diferentes capacidades. Além disso, a 99 também tem investido em realidade virtual para treinar seus motoristas e melhorar a segurança dos usuários.
Veja algumas formas de entregar produtos e serviços cada vez mais exclusivos e endereçados diretamente aos interesses dos usuários:
  • Landing Pages: são páginas de destino específicas para campanhas de marketing, que têm como objetivo direcionar o usuário a uma ação específica, como a compra de um produto ou o preenchimento de um formulário. Essas páginas são altamente personalizáveis e permitem que as empresas direcionem o usuário a uma experiência única e personalizada.
  • Rótulos personalizados: são rótulos que levam em conta as características e necessidades dos usuários. Eles são especialmente úteis para empresas que oferecem uma grande variedade de produtos ou serviços, permitindo que os usuários encontrem o que precisam com mais facilidade.
  • Realidades imersivas: como a realidade virtual e aumentada, são cada vez mais utilizadas para criar experiências de compra únicas e envolventes. Por exemplo, uma empresa de móveis pode usar a realidade aumentada para permitir que os usuários vejam como um móvel ficaria em sua casa antes de fazer a compra.
  • Personalização com base em dados: As empresas podem usar dados do usuário, como histórico de compras e comportamento de navegação, para personalizar as experiências dos usuários. Por exemplo, a Amazon usa dados de histórico de compras para recomendar produtos aos usuários com base em suas compras anteriores.
  • Internet das Coisas: A Internet das Coisas (IoT) permite que os dispositivos se comuniquem entre si e com o usuário. Isso pode ser usado para fornecer informações sobre o uso do produto, como o nível de bateria ou quando é hora de fazer a manutenção.
  • Gamificação: A gamificação é a aplicação de elementos de jogos em contextos não relacionados a jogos para motivar e envolver os usuários. Por exemplo, um aplicativo de saúde pode usar a gamificação para incentivar os usuários a se exercitarem mais e alcançar metas de condicionamento físico.
  • Inteligência Artificial: a IA pode ser usada para personalizar as experiências dos usuários com base em suas preferências e histórico de compras. Por exemplo, um site de compras pode recomendar produtos com base no histórico de compras do usuário ou em seus comportamentos de navegação.

No geral, a utilização dessas ferramentas de design pode ajudar as empresas a criar experiências únicas e personalizadas para os usuários, melhorando a satisfação do cliente e aumentando as chances de conversão.

Vai de dinâmica?!

Dicas para facilitação de dinâmica em grupo com foco em construir uma cultura mais madura em design:
  1. Introdução:

    Apresente o objetivo da dinâmica: construir uma cultura madura em design, que valorize as diferentes interfaces para o produto.
    Explique a importância de se ter uma cultura de design madura e como isso pode impactar positivamente o produto e a empresa.
    Divida os participantes em grupos de 3 a 5 pessoas.

  2. Discussão em grupo:

    Peça aos grupos que discutam sobre a importância de se ter diferentes interfaces para um produto e como isso pode beneficiar os usuários.
    Peça para que cada grupo registre suas ideias em um papel.

  3. Identificação de problemas:

    Peça aos grupos que identifiquem problemas ou dificuldades em criar diferentes interfaces para um produto.
    Peça para que cada grupo registre suas ideias em um papel.

  4. Solução em grupo:

    Peça aos grupos que escolham um dos problemas identificados na parte 2 e trabalhem em uma solução para esse problema.
    Peça para que cada grupo registre suas ideias em um papel.

  5. Apresentação das soluções:

    Peça a cada grupo que apresente sua solução para o problema escolhido.
    Após cada apresentação, incentive a discussão e debate entre os grupos sobre a solução apresentada.
    Encoraje os grupos a trocarem ideias e sugestões sobre como aplicar essas soluções em diferentes situações.

  6. Conclusão:

    Encerre a dinâmica reforçando a importância de se ter uma cultura de design madura e que valorize as diferentes interfaces para o produto.
    Peça aos participantes que compartilhem suas principais aprendizagens da dinâmica.
    Agradeça a participação de todos e encerre a dinâmica.

Podemos concluir que a identidade visual é um aspecto crucial na percepção e na experiência do usuário com um produto ou serviço. Uma identidade visual única e bem pensada pode destacar uma marca em um mercado competitivo, gerar uma conexão emocional com o público-alvo e até mesmo tornar um produto mais fácil de usar. É importante lembrar que a identidade visual não é algo estático e imutável, ela pode e deve evoluir junto com as necessidades do negócio e do público.

Por isso, convidamos os leitores a experimentar, prototipar, ensaiar e ousar criar diferentes identidades visuais para seus projetos. Testar novas abordagens, explorar novas possibilidades e estar aberto a feedbacks podem levar a resultados surpreendentes e inovadores. Lembre-se, a identidade visual é uma poderosa ferramenta de comunicação e pode fazer toda a diferença na forma como o seu produto ou serviço é percebido pelo mundo.

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