O Design para a Saúde é uma área cada vez mais relevante no campo do design. Ele envolve o desenvolvimento de produtos, serviços, ambientes e sistemas que contribuam para a promoção da saúde e do bem-estar das pessoas, tanto física quanto mentalmente. Para isso, é necessário considerar as necessidades, limitações e preferências dos usuários, bem como as melhores práticas e evidências científicas disponíveis.
O conceito de Design para a Saúde está intimamente ligado à promoção da qualidade de vida, prevenção de doenças e promoção da saúde mental. O objetivo é criar soluções que ajudem as pessoas a viverem de forma mais saudável e feliz.
Com a crescente pressão e ritmo acelerado do mercado de trabalho, é comum que muitos profissionais de design experimentem altos níveis de estresse e burnout. No entanto, a aplicação cuidadosa de metodologias de design pode trazer benefícios significativos para a saúde e o bem-estar dos profissionais.
Uma das principais características do design é a ênfase na empatia e na compreensão das necessidades dos usuários. Essa abordagem pode ser aplicada não apenas no desenvolvimento de produtos e serviços, mas também na relação entre os próprios profissionais de design. Ao entender as necessidades e limitações de seus colegas de trabalho, os designers podem criar um ambiente de trabalho mais colaborativo, saudável e produtivo.
Além disso, o design pode ser uma ferramenta poderosa para combater o estresse e o burnout, uma vez que é baseado em processos iterativos e colaborativos. Esses processos permitem que os designers experimentem, testem e refinem suas ideias continuamente, sem se sentirem sobrecarregados ou pressionados para entregar resultados imediatos. Dessa forma, o design pode ajudar a criar um ambiente de trabalho mais saudável, onde os profissionais podem se sentir mais realizados e menos estressados.
Dentre escritores importantes no tema podemos citar Roger Ulrich, renomado arquiteto, professor e pesquisador americano que se dedica ao estudo das relações entre design e saúde. Ele é conhecido por sua pesquisa pioneira que mostrou os benefícios da exposição à natureza no processo de cura de pacientes em hospitais.
Algumas de suas publicações mais importantes são “Evidence-Based Healthcare Architecture”, 2006, neste livro, Ulrich apresenta uma abordagem baseada em evidências para o design de ambientes de saúde. Ele discute a importância da pesquisa para orientar as decisões de design e apresenta estudos de caso de projetos bem-sucedidos. E “A Review of the Research Literature on Evidence-Based Healthcare Design”, 2014, neste artigo, publicado na revista HERD: Health Environments Research & Design Journal, Ulrich e seus colegas apresentam uma revisão abrangente da pesquisa sobre design baseado em evidências em ambientes de saúde. Eles concluem que o design pode ter um impacto significativo na segurança, eficácia e eficiência do cuidado em saúde.
Roger Ulrich continua ativo na pesquisa e publicação na área de design e saúde. Seus estudos têm sido referência para profissionais e pesquisadores interessados em promover o bem-estar e a saúde por meio do design.
Outro importante escritor que vale a pena citarmos é Don Norman, designer, cientista cognitivo e professor americano que tem se destacado como um dos principais expoentes do design centrado no ser humano. Ele é conhecido por seu trabalho em design de interação, usabilidade e psicologia cognitiva.
No campo da saúde, Don Norman é autor de diversas publicações que abordam o design de produtos e serviços que promovam a saúde e o bem-estar. Algumas de suas obras mais relevantes nesse tema incluem “Living with Complexity”, publicado em 2010, trata de como o design pode ajudar as pessoas a lidar com sistemas complexos, tais como sistemas de saúde. O livro apresenta princípios para o design de sistemas que sejam flexíveis e adaptáveis, capazes de se ajustar às necessidades e capacidades dos usuários. Uma publicação mais recente, “Design for How People Think: Using Brain Science to Build Better Products”, lançada em 2021, aborda como o conhecimento da neurociência pode ser aplicado no design de produtos e serviços que sejam mais eficazes e agradáveis para os usuários. O livro apresenta conceitos como atenção, memória e emoção, e como eles podem ser usados para criar produtos que atendam às necessidades e expectativas dos usuários.
Algumas empresas já estão adotando metodologias de design para promover a saúde e o bem-estar de seus funcionários. A Google, por exemplo, oferece programas de mindfulness e meditação para seus funcionários, enquanto a Nike tem uma academia e aulas de fitness disponíveis para seus colaboradores. Essas empresas reconhecem que o bem-estar dos funcionários é essencial para sua produtividade e sucesso a longo prazo.
A aplicação cuidadosa de metodologias de design pode trazer benefícios significativos para a saúde e o bem-estar dos profissionais de design. Ao criar um ambiente de trabalho mais colaborativo e saudável, as empresas podem aumentar a produtividade, a satisfação dos funcionários e, em última análise, o sucesso a longo prazo.
Outra empresa que adota metodologias de design para a saúde é a startup de tecnologia médica Livongo, americana sediada na cidade de Mountain View, Califórnia, fundada em 2014. A empresa é especializada em soluções de saúde digital, oferecendo um programa de gestão de saúde para pacientes com condições crônicas, como diabetes, hipertensão e obesidade. Tendo forte compromisso com o design e a experiência do usuário em suas soluções de saúde, a empresa acredita que o design centrado no paciente é fundamental para ajudar as pessoas a alcançar seus objetivos de saúde. Em 2018, a Livongo lançou uma nova plataforma de saúde digital, que utiliza inteligência artificial e machine learning para oferecer aconselhamento personalizado aos pacientes em tempo real. A plataforma inclui uma variedade de recursos para ajudar os pacientes a cuidar de sua saúde, incluindo um monitor de glicose contínuo, um programa de perda de peso, um programa de atenção à hipertensão, etc…
A Livongo utiliza métodos de Design Thinking para criar soluções centradas no paciente e testa seus produtos com usuários reais para garantir que eles sejam intuitivos e fáceis de usar. É um exemplo de como o design pode ser utilizado para promover a saúde e o bem-estar das pessoas, especialmente aquelas com condições crônicas. Sua abordagem tem resultado em soluções de saúde digital altamente eficazes e de fácil utilização.
Outro exemplo de negócio importante de citarmos é o da IDEO, uma das empresas de design mais renomadas do mundo, com sede em Palo Alto, Califórnia. Fundada em 1991 por David Kelley, Bill Moggridge e Mike Nuttall, a IDEO tem um histórico impressionante de criação de soluções inovadoras para uma ampla variedade de desafios em diversos setores, incluindo saúde. A empresa tem como missão aplicar o Design Thinking para abordar problemas complexos, de forma a criar soluções criativas, funcionais e que tenham impacto positivo na vida das pessoas.
A IDEO tem uma equipe dedicada à área de saúde, que tem trabalhado em diversos projetos para melhorar a experiência do usuário em hospitais, clínicas e outros ambientes de cuidados de saúde. Um exemplo de projeto bem-sucedido da IDEO é o OpenIDEO, uma plataforma online que incentiva a colaboração de pessoas de todo o mundo para solucionar desafios complexos na área da saúde, incluindo temas como prevenção de doenças, gestão de doenças crônicas e acesso a cuidados de saúde. A IDEO também trabalhou em projetos para melhorar a experiência do usuário em hospitais, por exemplo, projetando sistemas de informação e equipamentos médicos mais amigáveis e fáceis de usar, com o objetivo de reduzir o estresse e melhorar a qualidade do cuidado.
Na prática, exemplos de aplicar o design para melhorias na saúde e bem-estar:
o ambiente em que as pessoas passam a maior parte do tempo pode influenciar sua saúde e bem-estar. Por isso, o design de ambientes saudáveis, como hospitais, clínicas, escolas e escritórios, pode contribuir para a prevenção de doenças e a promoção da saúde mental. Isso pode incluir a escolha de cores e materiais que promovam a sensação de calma e relaxamento, a criação de espaços verdes e a utilização de luz natural.
o design pode ajudar a melhorar a experiência do usuário em produtos e serviços de saúde, tornando-os mais intuitivos, eficazes e acessíveis. Isso pode incluir a criação de dispositivos médicos mais fáceis de usar, a simplificação de interfaces de aplicativos de saúde e a disponibilização de informações claras e precisas para os usuários.
campanhas de saúde podem ser mais eficazes quando são projetadas com base em princípios de design. Isso pode incluir a utilização de cores e imagens atrativas, o desenvolvimento de mensagens simples e claras e a criação de materiais que sejam facilmente compartilháveis nas redes sociais.
o design de espaços públicos, como parques e praças, pode contribuir para a promoção da atividade física e, consequentemente, para a prevenção de doenças. Isso pode incluir a criação de áreas para prática de esportes, a instalação de equipamentos para exercícios ao ar livre e a oferta de espaços para descanso e relaxamento.
o design também pode ser utilizado para criar soluções que promovam a saúde mental. Isso pode incluir a criação de aplicativos para meditação e mindfulness, a disponibilização de espaços de descanso e relaxamento em ambientes de trabalho e a utilização de terapias expressivas em hospitais e clínicas.
Design Jam para desafios nas áreas da Saúde
Um Design Jam é uma maratona de design, onde equipes multidisciplinares se reúnem para solucionar um problema específico, através da aplicação de metodologias de design thinking. O objetivo é desenvolver soluções criativas, práticas e inovadoras, em um curto período de tempo.
Focar em soluções para saúde pública é uma área importante para o desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis. O setor da saúde enfrenta inúmeros desafios e problemas, como a falta de acesso a serviços de saúde de qualidade, falta de recursos e falta de efetividade dos tratamentos. O Design Jam pode ajudar a encontrar soluções criativas, colaborativas e acessíveis para esses problemas, por meio da colaboração de profissionais de diferentes áreas e especialidades. Além disso, o uso de metodologias de design thinking pode levar a soluções mais humanizadas e centradas no usuário, atendendo às necessidades específicas da população.
Como facilitar o Design Jam
- Divida os participantes em grupos de 4 a 5 pessoas, e apresente a eles um caso real de problema na área de saúde pública (pode ser uma demanda específica da comunidade local, por exemplo).
- Solicite que os grupos desenvolvam uma solução criativa para o problema apresentado, levando em conta os princípios do design para a saúde, como a empatia com o usuário, o design centrado no ser humano, a acessibilidade e a sustentabilidade.
- Peça que os grupos apresentem suas soluções para a turma, e promova um debate saudável sobre os diferentes pontos de vista e abordagens adotadas.
Finalize a dinâmica com uma reflexão coletiva sobre a importância do design na saúde pública, destacando como a abordagem criativa e centrada no usuário pode trazer soluções mais efetivas e acessíveis para a população.